Escutar não é uma
tarefa fácil, principalmente nos dias de hoje, em que as pessoas têm a
necessidade de falarem, de exporem seus problemas. Não basta o quanto se expõem
nas redes socias, sem avaliarem o risco que correm. Quando encontram alguém,
precisam falar, mesmo que estejam conhecendo a pessoa naquele momento.
Percebo isso no dia-a-dia, nos locais mais variados, em
momentos diversos e isso é algo que tem me chamado atenção. Às vezes, saio para
tomar um café e bater um papo, ou até mesmo, só tomar um café e dar uma “oxigenada”
no cérebro e acabo na condição de ouvinte, não por opção, mas porque não
encontro espaço para falar ou para ficar quieta. Pensava que isso só acontecia
comigo, em função da minha profissão, mas felizmente vejo que não.
A impressão que tenho é que as pessoas falam com a sensação
de que assim ficarão mais aliviadas, mas não percebem o peso que estão jogando
para cima dos outros. A necessidade de falar é tanta, que não são capazes de
respeitar o espaço do outro e de saber se ele está disposto a lhe ouvir. O pior
de tudo, é que quando terminam de falar, sem dar tempo para que o outro
verbalize alguma coisa, já vão saindo, pois tem algo para fazer e quem estava
ali ouvindo, ainda meio estonteado com tudo que ouviu, não sabe o que fazer, se
vai embora ou se continua sentando, dando um tempo para elaborar toda aquela
avalanche de informações que lhe foi jogada.
Vejo isso como uma falte de respeito, de deselegância para
com o outro, pois se convido alguém para tomar um café, bater um papo, tomar um
vinho, escutar uma música, penso que é para que haja uma troca de assuntos
variados, para ter um momento descontração, para dar risada, dizer bobagem
poder viver as coisas que alimentam a nossa saúde mental. Infelizmente não é
isso que acontece, às vezes, esses momentos acabam se tornando desagradáveis,
pois as pessoas só falam de seus problemas. Isso contribui, para que esses
encontros não aconteçam, pois ao invés de ser algo prazeroso, acaba por se
tornar desagradável.
Mais desagradável ainda, é quando pegamos um livro e
sentamos numa cafeteria, a fim de curtir o ambiente, de ler, de escutar uma
música, saborear um café e senta alguém na mesa ao lado e resolve puxar
assunto. Às vezes, para não ser desagradável, acabamos conversando e nos
agredindo, pois não era aquilo que queríamos fazer. Nessas ocasiões, devemos
prestar atenção como estamos nos sentindo naquela situação. Se a sensação for
de desconforto, não temos que ter nenhum
constrangimento em pedir licença e continuar a leitura, fazendo aquilo que nos
propusemos. Devemos fazer isso sem culpa, pois já demos atenção, já
disponibilizamos um pouco do nosso tempo para aquela pessoa.
Vocês podem questionar, mas falar não é algo bom? Os
psicólogos não recomendam que a gente fale? Sim, recomenda-se que as pessoas
falem, se comuniquem, desde que seja na medida certa e aí vai do bom senso.
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