Nos últimos dias, muito tem se falado sobre
espiritualidade e saúde, tendo sido, inclusive, promovido um evento em Porto
Alegre, nessa semana, por um cardiologista, sobre a influência da
espiritualidade na saúde. Confesso que sempre que ouço falar sobre esse
assunto, fico um tanto desconfortável e lembro-me de dois mestres que tive
(teólogos), que certa vez me disseram para ter cuidado com esse tema, porque as
pessoas estavam abordando-o a partir de um conhecimento empírico.
Na época, fiquei com algumas interrogações em relação à
fala deles, mas no decorrer do meu mestrado, fui entendendo melhor as
colocações que haviam feito e passei a lhes dar razão. Afinal o que é
espiritualidade? Pode se dizer que é a forma de se viver a fé, mas o que é fé?
A fé é a atitude interior daquele que crê. Tanto a origem da palavra fé (emunah) quanto da palavra crer (he’èmîn), vem do hebraico e significa
firmeza, persuasão.
A fé está relacionada com o nosso jeito de ser, portanto,
cada pessoa irá manifestá-la de um jeito e essas diversas maneiras de expressar
a fé é que podem ser compreendidas como espiritualidade. Por essa razão, é que temos
vários tipos de espiritualidade dentro da mesma religião.
Por isso, prefiro falar que a fé do paciente poderá
ajudá-lo a melhorar seu prognóstico, principalmente se ele exercê-la de forma
saudável, sem fanatismo, independente da religião que ele pratica. Vejo isso em
meu consultório diariamente. Pessoas que têm fé e que a exercem, tem um bom
prognóstico, pois são firmes no seu tratamento, levam a sério, se comprometem e
acreditam que vão sair do quadro de sofrimento em que se encontram.
A fé de uma pessoa, apesar de não poder ser mensurada,
pode ser vista por meio do seu comportamento, da maneira de se relacionar com
as pessoas, na forma de enfrentar os problemas que surgem no seu caminho, pois na
ficam se lamentando, pelo contrário, procuram encontrar soluções.
Portanto, sendo a espiritualidade a forma de viver a fé,
não podemos querer engessá-la dentro de um conceito, pois é algo subjetivo. Devemos
é entender que cada um tem o seu jeito de viver a sua fé e consequentemente a
sua espiritualidade, não nos cabendo o direito de julgar.
Agora, de uma
coisa não podemos duvidar, a pessoa que tem fé recupera-se mais rápido das
doenças, mas não podemos confundir fé com religião, afinal são coisas
distintas. Existem pessoas que não saem de dentro, do local onde se desenvolve
o rito, mas não tem fé, pois frente a qualquer dificuldade, abandonam a
religião e começam a questioná-la.
Na área da saúde mental, foram realizadas
pesquisas, cujos resultados apontam que 70% das pessoas que sofriam de
depressão, mas que exerciam a fé apresentou um bom prognóstico, em um curto
espaço de tempo. Sendo assim, resta dizer que fé e saúde caminham junto.
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