Percebe-se que vem
crescendo o número de pessoas que vivem relações amorosas conflituadas, com
características já vivenciadas anteriormente, mas não conseguem se desvencilhar
delas. É interessante escutar as diversas opiniões frente a essas situações,
pois as classificações são muito variadas, mas nem sempre assertivas.
Apesar de todo processo de evolução que a mulher vem
tendo, em nossa cultura, parece ser ela a que fica mais presa a essa maneira
adoecida de amar e ser amada. Quem de nós não conhece pelo menos um caso de uma
mulher que sofre agressões físicas ou verbais do seu parceiro, mas mesmo assim
não consegue separar, pois o ama. Não é incomum nos defrontarmos com situações,
que a mulher tem a clareza de que a relação não dá mais, que já houve várias
tentativas e todas sem sucesso, mas ela persiste em querer manter a relação,
não se permitindo viver novas oportunidades, porque acredita amar o seu
parceiro. Até porque, ele renova suas esperanças, apesar de sinalizar e
justificar que não tem perfil para assumir a relação que ela idealiza.
Identifica-se a presença de um jogo nesse tipo de relação,
onde existe um processo de retroalimentação da forma de amar patológica dessas
pessoas, a que chamamos de tantalizante.
Segundo o dicionário Aurélio, tantalizante é “aquele que
tantaliza”, ou seja, que espicaça ou atormenta com algo e isso, nas relações amorosas, ao mesmo tempo em que há o estimulo e o desejo
de possuí-la(o), é explicitado continuamente que existe a vontade de manter-se
distante do objeto amado, instigando o mitológico suplício de tântalo. Na
mitologia, Tântalo por ter roubado os manjares dos deuses do Olimpo, é punido
por Zeus, para eternamente passar fome e sede. O suplício de Tântalo se dava
por estar acorrentado e imerso até a cabeça nas águas de um lago e quando essas
subiam até sua boca, fugiam de seu alcance não permitindo que saciasse sua
imensa sede. O mesmo acontecia com os frutos que havia no bosque, que rodeava
esse lago, que se aproximavam dando-lhe a esperança de saciar sua fome, mas
acabavam se afastando.
O mesmo acontece nas ligações amorosas conflituadas, eternizando
o ciclo de promessas, de expectativas, que na maioria das vezes não se cumprem,
desencadeando uma série de decepções, frustrações, necessárias para alimentar o
vinculo patológico que o casal estabeleceu.
A dificuldade das
pessoas que estabelecem esse tipo de relação em romper o relacionamento, está
atrelada ao fato do casal projetar e dissociar, um ao outro, o seu lado sádico
e masoquista, que estão cindidos e por isso faz com que um complemente o outro.
A separação pode suscitar para eles a extirpação da sua própria metade, o que
os levará a uma desestruturação, causando-lhe um sofrimento psíquico intenso e
que provavelmente não estejam preparados para suportar, daí a necessidade de manter-se juntos.
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